Vinícius Cugler Magueta

VINÍCIUS C. MAGUETA, 23 anos, da cidade de Praia Grande/SP. Fornado no Curso de Licenciatura em Teatro/Arte-Educação, na Universidade de Sorocaba. Ator, diretor e artista circense (malabares, trapézio, acrobacia, clown, etc). Pesquisador de suspense teatral, com monografia apoiada pela FAPESP no estudo do "serial-killer" Roberto Zucco de Koltès. Além de arte-educador, é também professor de técnicas circenses e diretor teatral.

segunda-feira, 25 de maio de 2009

A pequena Grande Mallu Magalhães

Bom, já que estamos aqui sempre discutindo inovações e formas de arte "funcionais", aqui vai um exemplo muito interessante! Mallu Magalhães, se você ainda não conhece esta menina (ONDE VOCÊ ESTAVA?), aqui esta um resumo da história dela.

A garota, moradora de São Paulo e de apenas 15 anos de idade, é o retrato dessa nova geração “conectada”, que circula com a maior naturalidade pelo cyberespaço para fazer valer seu estilo de vida.

Acompanhe abaixo a reportagem publicada recentemente pelo jornal O Estado de São Paulo, em entrevista que Mallu Magalhães concedeu ao repórter Gustavo Miller.

E a hora que der, não deixe de escutar o que a Mallu Magalhães está fazendo. Acesse www.myspace.com/mallumagalhaes.

O UNIVERSO PARTICULAR DE MARIA LUIZA

Vou deixar aqui uma confissão: antes de tocar a campainha daquela bela casa de três andares do bairro do Morumbi, estava com um certo “pré-conceito” em relação à entrevistada, Mallu Magalhães.

Para quem não sabe quem é essa garota – e passou os últimos cinco meses fora do planeta Terra –, Mallu é a “tal-menina-de-15-anos-que-surgiu-no-MySpace-e-canta-folk-em-inglês”.

Que, numa explosão meteórica, foi tratada como “a melhor cantora de todos os tempos da última semana”. Fez shows em várias cidades (e Estados), deu entrevistas para todos os veículos possíveis e chegou a gravar 11 (on-ze!) vinhetas para a MTV.

Esse breve currículo era o que não saía da minha cabeça enquanto esperava alguém abrir o portão da respectiva casa. Mas aí, quando a porta de ferro da garagem começou a correr e Mallu surgiu ligeiramente, me deu um baita abraço, perguntou onde comprei meu All Star sem cadarço e pediu para pôr os meus óculos de grau, pensei: “Ah, ela não pode ser de todo mal”. E não é.

“Eu não sou míope, mas gosto de usar óculos porque, com eles, vejo o mundo de outra forma, como se ele agora ganhasse uma moldura”, disse. “Você tirou isso do Janela da Alma, hein?”, respondi. “É… esse documentário não é demais?”, concordou, enquanto me devolvia a armação de resina.

Mallu fala rápido – e muito. Ela é um pouco Juno com Forrest Gump: desanda a contar uma história e, do nada, já emenda outra pelo caminho – sempre de cabeça baixa, pensativa, como se entrasse em seu universo particular.

Na imensa sala de estar da casa de sua família estão espalhados diversos instrumentos musicais – como o trombone “Vinícius Asma”, um presente de Jô Soares –, e alguns pequenos retratos desenhados por ela mesmo (e que foram exibidos em uma das vinhetas feitas para a music television). “Mallu, você não tem medo de toda essa superexposição?”, pergunto.

Ela senta sobre a mesa de bilhar e começa a trocar a corda de seu violão. “Eu penso em três coisas: se isso está me fazendo bem, se estou atrapalhando alguém e se isso será bom para o meu futuro”, diz.

“O que estou fazendo me deixa feliz e até onde eu sei não estou prejudicando ninguém”, ri. “Mas o futuro… A gente não sabe como ele vai ser, né? Daí eu penso: ‘Putz, se não estou fazendo nada de muito arriscado, é só eu tomar cuidado que não vai me fazer mal.”

Mas ela teme algo: que sua fama passe rápido, com a mesma velocidade que surgiu. Quando Mallu abriu o show da banda Vanguart, em janeiro, sua apresentação repercutiu com força na internet, fazendo dela uma queridinha dos indies. E esse povo, sabe como é, só gosta de coisas desconhecidas. E do que já tem de (ex?) fã reclamando de Mallu “estar ficando pop”…

“Isso acontece muito comigo, sabe? De gostar de alguém que ninguém conhece. Tipo o Mika: eu falava para todo mundo que o tinha descoberto no MySpace e de repente ele estourou”, explica. “Eu continuo gostando do seu som, mas não tenho mais aquele carinho, aquela intimidade. Tenho medo que as pessoas que gostam de mim desde o meu começo sintam isso também”, reflete.

Um dos seus passatempos prediletos é justamente o MySpace, para fuçar novos sons e depois se gabar para seus amigos que só ela conhece tal grupo. “Gosto de descobrir coisas novas e para isso o Purevolume (www.purevolume.com) é muito legal. E gosto de entrar em sites de bandas, como o do Los Hermanos, que tem um radinho que toca várias músicas boas, e de pesquisar sobre artistas desconhecidos que só têm material na internet. Nem adianta procurar CD deles nas lojas, não há”, diz.

“Eu, tipo, não tenho CD também. Imagina um dia que alguém me descobre no MySpace, vai depois na Fnac e pergunta: ‘Oi, bom dia! Tem o CD da Mallu Magalhães?’ Por isso que eu gosto tanto de internet, pois ela é boa para todo mundo – para quem tem CD e para quem não tem”, sorri.

“PAITROCÍNIO”

Em suas férias escolares de inverno, Mallu gravará o seu primeiro álbum que, segundo ela, será independente, sem nenhuma grande gravadora por trás (os custos de gravação serão bancados por seu “paitrocinista”). Mas será que, para ela, realmente vale a pena lançar um disco? Afinal, seu público é aquele que só consome música sem pagar nada.

“Tenho de fazer aquilo que é bom para a minha formação de músico, e o CD físico contribui para isso”. afirma. “Mas é lógico que eu nunca vou abandonar a internet, principalmente porque eu acredito muito nela. Tenho de usar todos os meios possíveis, pois tem gente que curte também o CD.”

Mallu é um caso desses. Ela baixa música ferozmente pela web, mas busca comprar o disco do “artista baixado”. “Ocupo muita memória do computador dos meus pais e até elaborei uma tática: depois de chegar às 13 mil músicas eu não baixo mais nada e excluo todas as canções que já tenho em CD”, diz.

“Se ouço uma banda e vejo que ali há o mérito para comprar seu CD, eu o faço. Às vezes importo discos pela Amazon, mas meus pais não gostam que eu compre pela rede, então peço para uma amiga fazer isso por mim”, ri.

O burburinho em torno de Mallu Magalhães aconteceu muito rápido. Até o ano passado ela era a menina que gostava de fuçar os LPs antigos de sua avó e que dedilhava o violão após algumas poucas aulas. Ao completar 15 anos em setembro, ela pediu aos seus familiares que seus presentes fossem dados em dinheiro. Com a grana, gravou algumas músicas de sua autoria em um pequeno estúdio e depois as disponibilizou no se MySpace (www.myspace.com/mallumagalhaes) ao final de 2007.

“Demorei para gravar porque precisei pesquisar muito para saber como gravar e registrar as músicas. Eu tinha um livrinho Como ser Músico e foi legal para entender sobre o ramo. Depois liguei para a Biblioteca Nacional e vi que precisava também registrar as partituras. Tive contato com a realidade e até descobri o que é boleto bancário”, brinca.

Hoje Mallu está focada em sua carreira solo – durante a entrevista ela tinha por perto seu assessor e produtor (só faltou o empresário) –, e já participou de outros projetos musicais, como o grupo Overcoming Folk Trio, que se apresentou pela primeira vez na Virada Cultural.

Seus pais não a deixam fazer shows durante a semana para não atrapalhar os estudos, mas às vezes ela dá um jeito de driblar seus “velhos”. Certa vez, durante uma semana de provas, foi convidada para participar de um programa televisivo. Como já sabia que seus pais não iriam deixá-la cabular aula, usou o dinheirinho que vem ganhando com os shows (contadinho para ela comprar um iMac) e remarcou o exame.

“Quando se falta no dia da prova é preciso pagar para fazer uma substitutiva. Já fiz isso três vezes”, sorri, bem matreira. “O problema da música, ou a vantagem, é que ela vicia. Hoje eu achei quem sou, achei o meu mundo. E saber o que se quer ser é muito bom, porque você acaba vivendo para algo”, diz.

“Mas percebi que a minha vida não é só a escola, então, por mais que eu tente fazer a minha cabeça, às vezes acabo chutando a escola”. Mallu conta que, neste ano, teve de sair do colégio onde estudou por oito anos após ser perseguida por alguns estudantes. “O pessoal interpretou de forma errada uma entrevista e achou que eu estava falando mal da escola. Começaram a me xingar e inventaram uns boatos”, comenta.

Ela se diz feliz no novo colégio, em que as pessoas “são mais cabeça aberta”, e acha engraçado quando anda pelo corredor dele e ouve de alguns alunos os sussurros: “MTV, MySpace, Jô, Altas Horas…”

2 comentários:

Ivy Ferrari disse...

Postar pra quê?

ChocoArte disse...

adorei a entrevista!
nao tinha visto essa ainda,acho ela(parece ser pelo menos)
muito simples,tem uma outra entrevista tbm muito boa dela,pro jornal hoje,mas esta mais velha..fala sobre assuntos mais sérios.


enfim,adoro ela..a.dorei o post